Cozinhar é um gesto de amor

Eu não ligo patavina ao Dia dos Namorados. Acho-o comercial, torna o amor uma obrigação e é até piroso q.b. Daí que não preparei nenhuma receita delico-doce para publicar hoje, nem sequer um singelo fondant de chocolate. Não obstante, celebrar o Amor é importante. É mesmo muito importante. Mas não esse amor de calendário, o de todos os dias. O que exige um esforço permanente para que o barco não afunde. Aquele que, mesmo com o passar do tempo – e de muito tempo -, continua a ter força para remar, histórias por viver, caminhos por onde ir, planos para cumprir, desejos por concretizar. E esse amor assume múltiplas formas. Hoje, falo-vos de uma delas. No Sábado, acordei cedo para ir Cozinhar por uma Causa. A Bimby promoveu um evento solidário na Alfândega do Porto onde se propunha a cozinhar 420 refeições. 110 máquinas a trabalharem em simultâneo para levar comida quente a quem mais precisa. A quem, na verdade, está habituado a comer os restos dos outros, as sobras, o que já ninguém quer, os pacotes abertos que já não podem ser vendidos, o que sobejou no final do dia e não pode regressar à montra. Comida fresca, é,...

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Sopa de lentilhas, batata-doce e germinados de alho [receita biológica]

Muito se fala sobre o consumo exagerado de açúcar, mas pouco se tem lido sobre o de sal.  Em 2016, dei início à guerra. Apesar de achar que não me excedia nas minhas receitas, os cinco gramas diários recomendados pela OMS eram largamente batidos em pequenas coisas: azeitonas, frutos secos, e por aí fora.  O sal é um produto tóxico –  tão letal como o açúcar – e custa milhares de vidas por ano em Portugal, milhões em todo o mundo. Está concentrado sobretudo em alimentos processados (cerca de 75%, para ser mais exacta), tais como enchidos, conservas, pão de forma, massas instantâneas, caldos de compra, molho de soja, bolachas. Uma pizza de supermercado tem cinco gramas de sal, o que significa que a dose diária é atingida numa só refeição.  Portugal é viciado em sal. Cada português consome, em média, 11 gramas por dia. Uma boa forma de cortar no sal é arranjar alternativas que “enganem” o paladar. Usar de temperos naturais como cebola, alho, ervas aromáticas, limão. E dar-lhe/dar-nos tempo. Ninguém consegue comer um arroz sem sal de repente, se toda a vida o ingeriu com sal. Não é só insosso, é intragável. Mas se começarmos a reduzir,...

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