Tosta quente de curgete grelhada com molho de caril

No início de dezembro decidi não comer mais carne. Não foi nenhuma promessa, não foi nenhuma obrigação. Foi apenas e só uma constatação: deixou de me apetecer carne – estava cansada de comer frango, peru e novilho –  e por isso retirei-a da minha alimentação diária. As outras carnes já não comia caso tivesse que ser eu a prepará-las. Porco nunca apreciei e conto pelas mãos as vezes que comi. Codorniz faz-me uma impressão imensa a arranjar, por me lembrar um passarinho. O coelho dá-me pena, porque penso neles vivos. O leitão idem.  O meu consumo de carne já era demasiado restrito devido a todas estas manias condicionantes, pelo que a decisão de deixar foi mesmo pacífica.  Além disso, acresce uma consciência ecológica cada vez mais forte. Eu não vou mudar o mundo, mas pelo menos consigo amenizar os estragos causados no planeta por uma pessoa que come carne em todas ou quase todas as refeições. A balança fica ligeiramente mais equilibrada – ou, pelo menos, gosto de acreditar que sim. Como digo sempre, isto não é nenhum estado de vida, pelo que se me apetecer mesmo muito um determinado prato de carne, como. A última vez que isso aconteceu,...

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Caril rápido de frango

Ontem, o meu pai fez anos. * 57 de uma vida cheia, ele que até tem várias como os gatos. Já nos pregou um susto valente, daqueles em que se caminha sob uma fina corda e o pé cede. Todos os dias nos lembramos disso e nos de festa mais ainda. Já ele prefere recordar-se só quando lhe convém. No fundo, era assim que todos devíamos ser. O meu pai é uma pessoa muito jovem e é um exemplo do ser em vez do ter. Lá em casa, quando havia dinheiro, apareciam as revistas com os destinos de férias. Concluir a lavandaria (eternamente inacabada) ou pôr uma estante mais robusta para aguentar o peso dos livros no escritório ficava sempre para depois. Quando chegava o subsídio, íamos os quatro estrada fora, a cantar e a dar nomes às matrículas. Foi assim que conheci Espanha de norte a sul, os Pirinéus e Paris pela primeira vez. Depois veio o avião. A lavandaria continuou com o básico e o escritório, cada vez com mais livros, a ameaçar uma derrocada. Não caíram até hoje. De qualquer forma, eu tenho a certeza que o meu pai descobre mais depressa o site da companhia aérea do,...

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Caril vegetariano de abóbora e grão [e outras boas notícias]

Nos últimos meses, paciência para cozinhar é coisa que não tem faltado. Estou mais tempo em casa (trabalho exclusivamente a partir daqui) e isso ajuda. Porém, estar confinada a um único espaço tem tanto de bom como de mau. Dias há em que são duas da tarde e eu continuo em pijama, a editar imagens e a escrever; estou mais sujeita a ser interrompida (seja por pessoas, seja por ideias/desejos peregrinos de experimentar algo novo); a concentração é menor e o ritmo de trabalho tende a diminuir se não houver disciplina; também passo mais tempo sozinha (se bem que é raro aborrecer-me por causa disso). Por outro lado, tenho a calma que preciso; consigo fazer uma gestão melhor da agenda de compromissos (e até da meteorologia, elemento basal para a fotografia); consigo alimentar-me bem e apenas com os ingredientes que gosto; faço as pausas que entendo (pode ser só para fazer um chá, ir à tabacaria comprar o jornal ou à mercearia espreitar as flores), passo mais tempo com a Bigas e passeio-a mais vezes do que acontecia mantendo um horário das 9h às 18h.  Mas a maior vantagem de todas elas é a serenidade que posso dedicar à minha,...

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Bolinhos de grão e caril

Gosto de preparar refeições rápidas durante as férias e com ingredientes que se encontram facilmente na mercearia local.  Estes bolinhos são uma espécie de falafel e, uma vez que estou no Alentejo, não tinha como não os perfumar com coentros. Fazem-se em cinco minutos. Depois vão ao forno e quando saem alegram qualquer estômago que tenha a sorte de se cruzar com eles.Além disso, são perfeitos para levar na marmita da praia e não incorrer na tentação das bolas de berlim. Bom, quer dizer…  E as saudades que tenho do nariz intrometido do costume? INGREDIENTES[6 a 8 bolinhos] 1 lata pequena de grão-de-bico cozido (410 g)Meia courgette raladaMeia cenoura ralada (ou uma cenoura pequena) 1 dente de alho (sem gérmen) 1 colher de café (rasa) de caril 1 colher de café de sementes de linhaça Folhas de coentros q.b. Sal e pimenta preta moída na hora q.b. PREPARAÇÃO Pré-aquecemos o forno a 180º. Trituramos o grão-de-bico num processador de aimentos (ou Bimby) até obter uma pasta. Reservamos. Juntamos a cenoura e a courgette, o alho picado, as sementes, o caril e os temperos. Envolvemos bem. Acrescentamos os coentros picados e voltamos a misturar. Moldamos os bolinhos, ligeiramente achatados, e levamos ao forno,...

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Caril de camarão com banana assada

“Gosto que a minha mãe me traga ao parque e que venha com comida. Traz sempre imensas coisas e o pai costuma ajudá-la, embora reclame um pouco.  No início, achava que íamos fazer um piquenique ou algo desse género. Estendíamos o paninho, comíamos e bebíamos. Só que não é nada disso. Enquanto eu corro na relva e me zango com os gatos, a minha mãe está sempre concentrada no que ela diz ser um trabalho. Até me dá vontade de rir, mas, como sou uma canídea, não sei fazê-lo.  É um bocado tonto aquilo de torcer e amarrotar os panos se estavam tão bem dobrados e bonitos. O mesmo se passa com os outros apetrechos: espalha-os por todo o lado como se isso tivesse alguma piada. Ainda bem que não sou eu que tenho que arrumar. Ser-se cadela é uma grande vantagem nestas alturas.  Noto que de vez em quando aponta a máquina em direcção a este meu focinho de peluche. Já lhe disse, do alto da minha maioridade, que só apareço quando quero. Tenho vincos inquebráveis e não são só os da pele. Quando ela termina as produções fotográficas, ou lá o que aquilo é, sentamos-nos a comer. Os,...

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