Espetadas de tamboril e presunto

Cozinhar e fotografar e editar e escrever com uma bebé de dias em casa é uma tarefa praticamente impossível. Ou faço uma coisa de cada vez – e sou capaz de demorar dois a três dias até terminar um único post – ou não faço de todo. As pessoas deviam falar mais sobre o outro lado da maternidade. Os blogues, as revistas, os livros que lemos concentram invariavelmente o foco nas coisas boas (no lado afectivo, nas roupas de catálogo, nas fotografias mimosas, no supremo amor que é termos um filho) e “esquecem-se” de nos preparar para o caos em que a vida se transforma em menos de nada, nas noites que nunca são retemperadoras, no choro incontrolável, na recuperação do pós-parto, na depressão mais ou menos forte que nos bate à porta, na constante vigia da cria que quase nos sufoca e nos elimina enquanto pessoas com vida própria e activa. Aos olhos da sociedade, eu deixei de ser a Ana para ser “a mãe da Camila”. Como se esse fosse o único lugar e papel que me está reservado…É um rótulo demasiado arcaico e machista para o meu gosto. O pai continua a ser o João, a quem,...

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